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CIDADE DO VATICANO (RNS) — Após 40 anos de estudos, encomendas e contradições, o Vaticano finalmente aprovou a devoção espiritual dos fiéis no local mariano de Medjugorje, na Bósnia-Herzegovina, em um documento emitido na quinta-feira (19 de setembro).
“O Dicastério para a Doutrina da Fé, com o consentimento do Papa Francisco, concede aprovação à devoção ligada a Medjugorje, reconhecendo os abundantes frutos espirituais recebidos no Santuário da Rainha da Paz, sem fazer uma declaração sobre o suposto caráter sobrenatural das aparições marianas”, dizia o documento.
Em 24 de junho de 1981, uma jovem chamada Ivanka Ivanković afirmou ter tido uma visão da Madonna no sopé de uma colina perto da paróquia de St. James em Medjugorje. No mesmo dia, seis crianças relataram ter visto Maria segurando uma criança. As visões despertaram um profundo espanto entre os fiéis de todo o mundo e começaram uma longa série de pronunciamentos sobre a credibilidade do evento.
Os jovens alegaram receber mensagens de Maria e, com o tempo, as mensagens se tornaram mais frequentes. Papa Francisco alertou os fiéis para não se deixarem enganar por falsas alegações de aparições e expressou ceticismo sobre “a carteiro Maria” durante uma entrevista coletiva ao retornar de sua visita ao Santuário Mariano de Fátima, em Portugal, em 2017.
Apesar da dúvida do papa, a devoção à “Rainha da Paz” em Medjugorje é inegável. As estimativas contam mais de 1 milhão de peregrinos por ano, e 3 milhões antes da Pandemia do covid-19. Um estudo do sociólogo Luca Presenti, da Universidade Católica do Sagrado Coração, em Milão, descobriu que a maioria das pessoas que visitam o site são inspiradas por motivos espirituais, incluindo conforto espiritual (38%), solicitação de ajuda para si ou para outros (23%) e a necessidade de estar conectado ao divino (17,7%).
Os peregrinos que visitaram Medjugorje disseram que suas vidas foram mudadas pela experiência (48,8%), alguns muito (30,4%) e outros radicalmente (14,5%), de acordo com o estudo, que também descobriu que o local levou a um aumento na prática religiosa, no recebimento dos sacramentos e na oração.
“Há uma vitalidade espiritual, fé, conversão e frutos positivos que nos levam a acreditar que Deus está fazendo coisas positivas lá”, disse o cardeal Victor Fernandez, czar da doutrina do Vaticano, falando na entrevista coletiva na quinta-feira.
O novo documento do Vaticano se abstém de decidir se as visões eram reais. Em maio do ano passado, o departamento doutrinal do Vaticano emitiu novas normas para ajudar a discernir fenômenos sobrenaturais. A principal mudança foi que o Vaticano ou os bispos locais terão apenas que emitir um “nihil obstat”, que em inglês se traduz como “nada impede”, e permite que os fiéis demonstrem devoção, mas não comenta sobre a natureza milagrosa de um fenômeno.
As novas normas também declararam que o Vaticano pode revogar o “nihil obstat” a qualquer momento.
Anteriormente, os bispos teriam que fazer uma avaliação inicial do fenômeno sobrenatural, o que às vezes resultava em confusão entre os fiéis. Após a suposta visão em Medjugorje, o bispo Pavao Žanić de Mostar-Duvno expressou “fortes dúvidas” sobre os eventos em um relatório enviado ao Vaticano. A Conferência Episcopal da Iugoslávia também considerou que os eventos não eram de natureza sobrenatural em um documento conhecido como “A Declaração de Zara”.
O número de peregrinos que visitavam o local cresceu independentemente, e em outubro de 1994 o novo ordinário em Medjugorje, Bispo Ratko Perić, pediu ao então Papa João Paulo II para emitir um pronunciamento final sobre o local. O departamento de doutrina do Vaticano finalmente declarou que os peregrinos tinham permissão para visitar o local, sem declarar que as visões eram autênticas. Em 2008, o Papa Bento XVI pediu a criação de uma comissão internacional de teólogos e especialistas liderada pelo Cardeal Camillo Ruini, que concluiu que “os jovens, que eram mentalmente sãos, não foram influenciados de forma alguma por ninguém” e que “a devoção nascida em Medjugorje tem uma origem sobrenatural, é autêntica”.
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